domingo, 4 de outubro de 2015

Do medo à coragem

Quantas vezes você deixou de tentar algo por medo de errar e ser criticado?
Quantas vezes na escola você queria perguntar algo, mas com medo de pagar o mico, guardou para sim a pergunta que tanto queria fazer?

Muitos de nós temos o medo de ser criticado, de errar, do desconhecido.
Mas como passar do medo à coragem?

A resposta pode estar na abordagem que o psicólogo cognitivo Albert Bandura desenvolveu para a cura da fobia. Pesquisador e professor da Stanford, Bandura  publicou em 1986, a Teoria Social Cognitiva, que é a junção das teorias da autoeficácia e teoria de aprendizagem social e resultado mais recentes de seus experimentos.

Pela teoria social cognitiva, o indivíduo tem possibilidade de intervir em seu meio ambiente, alterando-o e sendo por ele alterado. Somos seres agentes, que interage aos acontecimentos ambientais e história pessoal.  O indivíduo, agente, se constitui inserido em sistemas sociais e é por meio das trocas com este meio social que a adaptação e a mudança ocorrem (BANDURA, 2001).

A teoria social cognitiva estabelece que os objetivos ajudam a regular o dispêndio da energia, a promover a persistênia na tarefa e a dirigir a atenção para os aspectos importantes do seu comportamento. Por meio das ações, as pessoas "influenciam as situações que, por sua vez, afetam seus pensamentos e emoções e o comportamento". Bandura, 1982

Dentre os diversos construtos da TSC, vamos tratar da Modelação, a crença de eficácia e a Autorregulação.

Modelação
A Modelação explica o processo de aprendizagem observacional por exposição a modelos, que promovem três efeitos:

  1. Efeito modelador: relaciona-se com a aquisição de comportamentos novos, comportamentos que a pessoa não tinha ou que tinha probabilidade muito baixa de acontecer. O efeito de aprendizagem por observação, o sujeito que está sendo observado exibe comportamentos que o observador não tem. Após a observação do modelo, esse observador passa a ter condições de reproduzir tal comportamento. Exemplo: filhos imitando comportamento dos pais.
  2. Efeito inibitório e desinibitório: os estudos mostram que o observador, tendo aprendido um comportamento pode exibi-lo ou não, em função das consequências que observa acontecer ou supõe que acontecerão ao modelo. Exemplo inibitório: alguém pode vir o pai traficando mas não decide replicar o comportamento tendo em vista que poderá ir à prisão. Exemplo desinibitório: uma pessoa recebe aprovação social por determinada ação. Essa ação tem mais chance de ser copiada pelo observador.
  3. Efeito de facilitação de resposta: o comportamento das outras pessoas serve como sinalização para o observador, facilitando a ocorrência de respostas previamente aprendidas. A facilitação da resposta é fácil de visualizar, por exemplo, ao andar em um shopping center e ver pessoas comprando nas lojas que paramos para olhar as vitrines. 
Bandura descreve como subsistemas da aprendizagem por observação, quatro processos:
    1. Atenção: desenvolvimento dos nossos processos cognitivos de forma a estar atento de modo suficiente a um modelo e percebe-lo com precisão necessária para imitar o comportamento observado. Por exemplo, o aprendiz de auto-escola prestar atenção as instruções e movimento do instrutor, durante uma aula prática. 
    2. Retenção: tomar notas sobre um material de leitura ou fazer anotações durante uma palestra.
    3. Reprodução motora: praticar sucessivas vezes com seu instrutor de auto-escola a troca de marchas, recebendo o feedback para melhoria contínua.
    4. Motivacional ou incentivo: perceber que o modelo de comportamento é bem sucedido e esperar que nossa aprendizagem e desempenho leve a consequências semelhantes. Exemplo: esperar que quando soubermos dirigir automóvel, sejamos aprovados no teste e receber a carteira de motorista.
Crenças de autoeficácia

"Autoeficácia refere-se às crenças de alguém em sua capacidade em organizar e executar cursos de ação requeridos para produzir certas realizações" (BANDURA, 1997).

A autoeficácia é a base da motivação e das realizações humanas.
Quando as pessoas acreditam que elas podem produzir os resultados desejados através de suas ações, elas têm mais incentivo para agir ou para perseverar diante das dificuldades.
Quando falamos de autoeficácia, estamos falando de uma crença de competência pessoal, de uma confiança de nossa capacidade de lidarmos com determinado curso de ação.

Como nos tornamos autoeficazes? Como será que adquirimos confiança na capacidade de fazer algo de forma que consigamos atingir objetivos que pretendemos?

Esta crença é desenvolvida durante a vida e é moldada pela interação de diversas influências advindas de experiências de domínio diretas, pelas experiências vicárias (observacionais), contexto social e pelas interpretações e mudanças dos estados fisiológicos e emocionais.

Brandura postulou quatro fontes de eficácia:
  1. Experiência direta
    De maneira geral, experiência de dominio bem sucedidas fortalecem a crença e experiência de fracasso a enfraquecem. O desempenho por si só não fornece informação suficiente para julgar o nível de capacidade de alguém. Quando as pessoas experimentam o sucesso de forma fácil tem poucas chances de persistir quando o fracasso acontece. Por outro lado, quando alguém obtém êxito na atividade e esse resultado é avaliado como positivo e derivado do próprio esforço na superação de obstáculos presentes na atividade ou no ambiente, isso geralmente aumenta a crença na própria capacidade para executar essa atividade ou atividades similares. Exemplo: se fiz uma vez uma receita de cozinha e ficou bom, eu ganho mais confiança para a próxima.
  2. Experiência vicária
    Aprender observando os outros e percebendo o que acontece a eles, também é uma fonte informativa importante que usamos para balizar nosso comportamento. À medida em que se observa diretamente ou indiretamente o esforço e a persistência de pessoas na realização de um dado comportamente, cujas características sejam similares ao do observador, isso pode gerar a percepção de que também se é capaz de se comportar da mesma forma. Se aquela pessoa consegue, eu também consigo!
  3. Persuasão social
    É uma fonte de informação que influência no julgamento sobre as crenças de capacidade. A persuasão social funciona na medida que se busca persuadir o outro, em geral verbalmente, para que haja um aumento do esforço e de forma continuada, principalmente quando há a necessidade de superação dos desafios presentes na atividade e no contexto que esta é desenvolvida. Se alguém me diz que eu sou capaz, é mais provável que eu sinta que sou capaz.
  4. Estados emocionais e fisiológicos
    Fadiga, estresse, ansiedade, dor, estados de humor são manifestações que podem alterar percepção de autoeficácia, pois afetam diretamente o julgamento que as pessoas fazem sobre a própria capacidade para realizar uma determinada tarefa. Se eu estiver muito cansado eu talvez tenda a pensar que não vou ser capaz de fazer as coisas. Ah, dormi mal, dormi pouco, tenho estado doente, não me sinto bem. Por outro lado, o estado emocional, se estiver deprimido, eu acho que tudo é difícil, não sou capaz.
A autoeficácia influencia:
  1.  aquilo que eu escolho fazer e aquilo que eu rejeito. Onde eu acho que não sou capaz, eu tendo a rejeitar. O contrário, eu tendo a fazer.
  2.  o esforço. Se eu não sou capaz, eu tento um pouco, dá errado e eu digo eu já sabia, eu não sou capaz. por que eu vou continuar? E paro. Se acho que sou capaz, eu esforço mais. Mesmo falhando numa determinada fase, eu vou continuar. Agora fui mal, mas da próxima, quem sabe? E continuo tentando.
  3. o bem estar emocional. Quando nós não nos sentimos capazes, não nos sentimos bem. Quando sentimos que somos capazes, sentimos com mais energia, mais bem dispostos, mais felizes, mais contentes.
  4. a qualidade do desempenho. Se eu acho que sou capaz, o aumento do meu desempenho tende a ser melhor.
Muitas de nossas ações são reguladas pelos nossos pensamentos de julgamentos antecipatórios que fazemos. Estes funcionam como mediadores da ação e podem ser relativos a aspectos emocionais, de escolha, de persistência frente a uma tarefa e a respeito dos estados fisiológicos e emocionais que sentimos.

Expectativa de resultado se refere a uma crença antecipada sobre o resultado de uma ação. Por exemplo, eu posso saber que estudar leva a tirar boas notas, essa é uma expectativa de resultado.

Expectativa de eficácia é uma crença na capacidade de produzir uma ação. Mesmo eu sabendo que estudar leva a tirar boas notas, eu posso não me sentir eficaz o suficiente para estudar e não me engajar nesse comportamento de estudar.

O detalhe de que crença de eficácias são de domínio específico, pois eu posso me sentir muito autoeficaz para andar de bicicleta mas não para jogar xadrez. Muito autoeficaz para estudar mas não para dirigir no trânsito e assim por diante. E elas não se confundem com autoestima.

"Autoeficácia não deve ser confundida com autoestima. Eficácia é um julgamento de capacidade. Autoestima é um julgamento de autovalor. Eu não tenho eficácia em dança de salão, mas não me desvalorizo por causa disso, eu realmente não me preocupo." Albert Bandura.

A partir de uma experiência de sucesso, pode se generalizar o seu comportamento e ampliar seu espectro de confiança. A generalização é uma dimensão observada desde os primeiros estudos de Bandura com tratamento de pessoas que tinham fobia de cobras na década de 70. 
"Nós o chamamos cinco anos mais tarde para saber como iam e eles estavam tão bem quanto ao término do tratamento. Mas houve uma descoberta fascinante. Eles viam e nos contavam que eles estavam realmente gratos pelo fato de que realmente removemos a fobia deles, mas que o tratamento tinha tido um efeito muito mais profundo na vida deles. Ou seja, ter tido essa fobia por vinte ou trinta anos, e ter superado isso em algumas horas, provou ser uma experiência realmente transformadora para eles. Eles decidiram que se poderiam superar isso, o que aconteceria em outras áreas de suas vidas? Então, o que estavam fazendo era atirarem-se cada vez em mais atividades e para surpresa dele, ela estava funcionando muito bem." Albert Bandura
A confiança dos pacientes era generalizada em outros aspectos da sua vida. Elas começavam a ficar mais confiantes na minha capacidade para ver cobras, mas também notei que fiquei mais confiante para passear na floresta, que antes eu nunca iria.

Crenças de eficácia coletiva


"A crença da capacidade coletiva é definida como uma crença grupal partilhada em suas capacidades conjuntas para organizar e executar os cursos de ações requeridos para produzir determinados níveis de tarefas." Bandura, 1997 
A crença de eficácia coletiva é relativa ao modo como um grupo julgam a capacidade desse grupo para tomar decisões, para conseguir os recursos e estratégias necessárias para realização de determinadas atividades, bem como para superar as falhas cometidas. 

A crença das pessoas de eficácia coletiva influenciam os tipos de futuro que tentam alcançar no meio da ação coletiva. A maneira como usam seus recursos, quanto esforço dedicam em suas atividades grupais, sua resistência com esforços coletivos não produzem resultados rápidos ou encontram forte oposição e sua vulnerabilidade ao desânimo que pode ser vivenciado pelas pessoas que lidam com dificuldades sociais.

Os processos de construção das crenças coletivas são similares ao da crença pessoal.

Cada uma das pessoas vai trazer as sua contribuição tanto individual quanto à sua percepção do todo, o que ela julga a capacidade conjunta daquele grupo, agindo em comum em alcançar determinado objetivo. 

Muitos dos desafios na vida envolve problemas comuns que requerem que as pessoas trabalhem juntas com uma força coletiva para mudar suas vidas para melhor. A força das famílias, dos times, sistemas escolares, comunidades, organizações de negócios e até as nações dependem parcialmente do senso de eficácia coletiva das pessoas, da crença de que elas podem solucionar os problemas que enfrentam e melhoras suas vidas através do esforço em conjunto.

Fonte:

BANDURA, 1997. Self-efficacy: the exercise of control.

Teoria Social Cognitiva - Crenças de Eficácia, produzido pelo projeto Teoria Social Cognitiva, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=FL_33Bqkmag

www.teoriasocialcognitiva.net.br




sábado, 3 de outubro de 2015

Are you creative?



No, I do not consider myself a creative person. But believe that not only artists, inventors, writers, designers can be creative. Anyone can learn this skill, just as you learn Math, History and other subjects.

But how to be creative? I’ve googled about creativity, and  I’ve discovered Murilo Gun’s online course Reaprendizagem Criativa (Relearning Creativity). That's it, I will take the course and see if I can learn to be creative.

In the course, I’ve discovered that all people born creative. However, we lose that ability because our society (parents, teachers and work) represses our innate creativity. Be good is synonymous of following what society think what is correct.  In general,  we  have a hostile environment for creativity.

Ah, so it is a matter of relearning how to be creative! It's not just a gift, although some people are born more intelligent and creative than others, but this is only potential, not action. In the book Creative Confidence, the authors Tom and David Kelley have wrote:

One prerequisite for achieving creative confidence is the belief that your innovation skills and capabilities are not set in stone.

I believe that anyone can be creative since they believe  and work hard in  it.

Following good methodologies and if you have an environmental place that stimulate your creativity is  a good way to solve problems. In order to do that,  I'm reading those excellent books below:


  1. Lean Startup by Eric Ries
  2. Creative Confidence: Unleashing the Creative Potential Within Us All, by Tom Kelley and David Kelley
  3. Design Thinking, by Tim Brown
  4. Creativity at Work and in Life, by Roberto Menna Barreto


Why do you want to be creative? Creativity is to solve any problem that requires a new way to look them. So, are you a creative person?

Você é criativo?


Não, eu não me considero uma pessoa criativa. Mas também não acredito que somente artistas, inventores, escritores, designers possam ser criativas. Para mim, qualquer um pode aprender essa habilidade, da mesma forma como se aprende matemática, português, história, e outras matérias.

Mas aprender como? Estudar onde? Procurei no google sobre curso de criativiade,  escolas criativas,  livros e descobri o curso on-line do Murilo Gun, Reaprendizagem Criativa. É isso, vou fazer o curso e ver se eu posso aprender a ser criativo. E fiz.

No curso, descobri que todos nós nascemos criativos quando crianças e fomos desensinados pelos pais,  professores e  trabalho.  Aprenda o que eu faço e não questione! Seja bonzinho, não vá por aí, faça do jeito que eu faço, sempre fiz assim que funciona! Esses mantras vigoram na sociedade, temos em geral, um ambiente hostil à criatividade.

Ah, então é uma questão de reaprender a ser criativo! Não é apenas um dom, apesar de que algumas pessoas nascem mais inteligentes e criativas que outras, mas isso é apenas potencial. Potencial não significa ser e sim grande possibilidade de ser. No livro Confiança Criativa, dos irmãos Tom e David Kelley, há uma definição de Atitude de Crescimento, que diz:

Um pré-requisito para atingir a confiança criativa é acreditar que suas aptidões e competências de inovação não são rígidas e imutáveis. Se você acha que não é uma pessoa criativa e pensa "Esse tipo de coisa não é para mim", precisa se desapegar dessa crença antes de seguir em frente. Você precisa acreditar que o aprendizado e o crescimento são possíveis. Em outras palavras, precisa começar com o que Carol Dweck, professora de psicologia da Stnford, chama de uma "atitude de crescimento".  Segundo Dweck, pessoas que possuem uma atitude de crescimento "acreditam que o verdadeiro potencial de uma pessoa é desconhecido (e desconhecível); que é impossível prever o que pode ser realizado com anos de paixão, empenho e treinamento".

Acredito que qualquer um possa ser criativo desde que acredite nisso e trabalhe duro para isso (hardwork como diria Murilo Gun).

 Há sim metologias e ambientes que estimulam sua criatividade. Estou lendo os livros abaixo, que acho fantásticos, indicados no curso do Reaprendizagem Criativa, do Murilo Gun:
  1. Startup Enxuta, de Eric Ries
  2. Confiança Criativa, de Tom Kelley e David Kelley
  3. Design Thinking, de Tim Brown
  4. Criatividade no Trabalho e na Vida, de Roberto Menna Barreto

E por que eu quero ser criativo? Para resolver problemas, desde problemas pessoais como problemas do mundo (e há muitos problemas a serem resolvidos); Fazer algo de forma diferente para melhorar o mundo; Ajudar outras pessoas por meio da criatividade.

E comecei a escrever esse blog (nunca imaginei que iria escrever um) para:
  1. fixar o que eu estou aprendendo sobre criatividade, relatar das minhas descobertas e frustrações, o que deu certo e o que deu errado na minha jornada em busca da criatividade.
  2. ter conhecimento da experiência de outras pessoas.
  3. debater soluções criativas de problemas de nosso dia a dia.